segunda-feira, 12 de agosto de 2013

AULA INAUGURAL DO CURSO INTENSIVO DE FORMAÇÃO PRÉ-ACADÊMICA: AÇÃO AFIRMATIVA NA PÓS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ


           Na manhã do dia 12 de agosto às 9 horas, foi realizada na sala Homero de Barros da Universidade Federal do Paraná, a aula inaugural do Curso intensivo de formação pré-acadêmica: Ação afirmativa na Pós. O curso é uma iniciativa promovida pela UFPR através de suas Pró-Reitorias de Graduação (PROGRAD), do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros (NEAB) e Núcleo Universitário de Educação Indígena UFPR (NUEI).  O curso será realizado no período de 12 de agosto a 10 de setembro de 2013 com oferta em dois turnos de 8 horas diárias, de segunda à sexta-feira. O objetivo é preparar os alunos para ingressarem na pós-graduação (mestrado ou doutorado).
            A aula inaugural foi iniciada com uma mesa composta pelo professor Paulo Vinícius da Silva do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE-UFPR) e membro do Núcleo de Estudos Afro brasileiros (NEAB-UFPR), pela cientista social Márcia Regina Santos de Jesus, pelo professor Paulo Borges do Movimento negro de Curitiba, pela professora Andréa Rocio Caldas, diretora do Setor de Educação, pela professora Deise Picanço, coordenadora da Pró-Reitoria de extensão e cultura (PROEC), pelo professor Edilson Silveira, coordenador da Pró-Reitoria de pesquisa e Pós-graduação da UFPR e pelo Reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrino.
          O professor Paulo Vinícius abriu à solenidade e falou da importância da realização desse curso na UFPR.  Nesta fala ressaltou a fragilidade socioeconômica de vários alunos/as durante a graduação, o que contribui para uma desistência e elevar a desigualdade na participação do processo seletivo para ingressar na pós-graduação. O mesmo reforçou a importância da inserção dos graduados/as negros/as na pós-graduação, uma vez que a conclusão do curso não é suficiente, em muitos casos, para o acesso ao mercado de trabalho. A graduada em Ciência Sociais Márcia Regina falou da importância que é para ela e demais colegas da graduação essa preparação para acessar o mestrado e o doutorado, uma vez que a mesma desigualdade de oportunidade existente para o acesso à graduação persiste no acesso à pós-graduação.
            O professor Paulo Borges, disse que o programa de cotas raciais é uma realidade na UFPR e lembrou a militância do movimento negro que desde os anos 1980 incluía em sua pauta de discussões, as ações afirmativas na Universidade e um olhar mais cuidadoso para a educação como um todo. Lembrou sobre a importância da lei 10639/03 como importante forma de apoio do Estado à construção da educação inclusiva nas escolas dentro da proposta das ações afirmativas na educação. O professor Borges falou do cursinho pré-vestibular para negros/as, que existe a dez anos e lembrou o fato de alguns alunos/as que passaram por essa preparação estarem formados em diversos cursos da graduação e, outros na pós-graduação, alguns poucos, estudando no exterior além de outros com doutorado ensinando em várias partes do país.
            A professora Andréa Caldas disse que ainda não existem condições igualitárias para todos/as da comunidade acadêmica. Pois se sabe que há questões fundantes para educação superior e também para a educação básica e, que estas precisam serem resolvidas. Ela ressaltou que é “a presença dessas pessoas que faz com que a universidade tenha sido obrigada a se repensar com mais urgência” na sua forma de incluir todos/as da sociedade no ensino superior. Andréa Caldas lembrou também da importância de se formar intelectuais negros/as para que possam estudar e contar a sua própria historia com autonomia, pois a universidade é financiada por todas as pessoas, logo ela é o espaço de todos. Assim, ela concluiu que é necessário construir uma educação inclusiva para que no futuro não se necessite de programas ou leis de cotas nas universidades, uma vez que a educação será igual para todos. A professora da Educação vê que o grande desafio da UFPR é manter o mérito com a expansão acadêmica e em paralelo continuar a sua qualidade de serviço.
            A professora Deise Picanço disse que a ausência de conhecimento gera processo de exclusão e impende a universidade de ser mais plural. Foi dito também que desde que assumiu a coordenação da PROEC, tem buscado estabelecer um diálogo com os diversos setores da UFPR que buscam aprimorar as políticas afirmativas e o acesso a todos/as da comunidade, à universidade. Ela ressaltou da necessidade de flexibilização dos currículos em função desse novo momento da universidade e disse que já se iniciou uma discussão com a PRPPG nesse sentido. Pois segundo a professora “Não basta ter acesso ao conhecimento, mas é necessário ter acesso também às formas de construção e elaboração do mesmo”.
            O professor Edilson Silveira da PRPPG informou que até 2015 a UFPR estará titulando por ano o dobro de doutores titulados no ano passado (2012). Ele ressaltou a importante para a universidade de ter a participação da diversidade da comunidade entre os pós-graduandos/as da UFPR. Segundo ele, “não se pode ficar em um castelo de cristal, mas deve-se dialogar com toda a sociedade brasileira”, tendo ela dentro da universidade.
            O Reitor da UFPR, Zaki Akel lembrou o clima de tensão que houve na implementação das cotas na UFPR em 2004, quando o professor Carlos Moreira ainda era Reitor. Segundo ele agora há menos conflitos com relação à aceitação das cotas na graduação. Ele ressaltou a lei nacional de implementação de cotas como algo que ajudou a tornar menos tenso o clima de aceitação de cotas na UFPR. Zaki Akel falou da importância do Programa Nacional de Bolsas que auxiliam na permanência de muitos/as alunos/as na universidade pública. Disse que é necessária a boa formação de professores/as e lutar “para que a carreira de docente não seja como um sacerdócio, cheio de sacrifícios”, mas que os professores/as exerçam suas profissões com prazer e dignidade. Ele saudou os professores do Centro de Línguas e Interculturalidades da UFPR (CELIN UFPR) e lembrou da importância do centro de línguas  na formação dos alunos/as da UFPR em língua estrangeira como um todo.
Lembrou ainda, que durante a sua gestão o programa de assistência estudantil foi ampliado com a expansão do ensino na UFPR. A busca, tímida, da acessibilidade dos deficientes, entretanto, não falou da falta de investimento nas relações entre a academia e os novos sujeitos que se fazem presente no meio acadêmico. O Reitor encerrou sua fala lembrando a conversa que teve com a Secretaria da Igualdade Racial em Brasília sobre cotas na graduação e disse que enquanto as cotas na pós-graduação da UFPR não são uma realidade, é necessário apoiar esse curso de preparação para a pós-graduação.

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