sábado, 20 de julho de 2013

MINICURSO DE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA PÓS-GRADUADO DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UFPR

Na semana do dia 01 A 05 de julho aconteceu no departamento de Ciências sociais da Universidade Federal do Paraná, o Minicurso de relações raciais comparadas: Brasil e Estados Unidos, ministrado pela socióloga e antropóloga Professora Doutora Vânia Penha-Lopes, da Universidade Bloomfield College, EUA. Esse minicurso foi uma iniciativa do Departamento de Ciências Sociais e contou também com o apoio do Núcleo de Estudos Afro brasileiros – NEAB, do Departamento de Educação e do Núcleo de Estudos de Gênero – NEG. Como é sabido, depois que as ações afirmativas foram implantadas nas Universidades brasileiras, sobretudo as cotas raciais, as discussões sobre a questão racial têm retornado ao meio acadêmico, mas ainda acontecem em meios muito localizados como no Congresso de Pesquisadores/as Negros/as – COPENE em NEABs e em discussões promovidas por alguns departamentos. O fato de esse minicurso acontecer no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná pode ser visto como uma conquista, uma vez que essa discussão não acontece de forma intensa no departamento; somente em algumas poucas disciplinas ministradas na antropologia. Foi uma semana de muito aprendizado sobre as relações raciais, sobretudo as dos Estados Unidos. Muitas concepções que até então eram tomadas como verdades foram desmitificadas no que concerne o assunto, pois conhecemos os Estados Unidos a partir de livros, filmes, etc., que na maioria as vezes, estabelecem clichês sobre o país. A professora Vânia começou o minicurso dizendo tradicionalmente que se costumou a olhar as relações raciais no Brasil como marcadas por uma segregação implícita, silenciosa, orientada pela ideologia do branqueamento e do mito da democracia racial e as relações raciais nos Estados Unidos como sendo caracterizadas por uma segregação explicita, marcada pelo apartheid – visão linear. Ela disse que ao comparar as relações raciais nos dois países de forma bipolar não é muito prudente. O ideal seria olhar para esses dois modelos de relações raciais de forma circular e não linear. Isso porque a mestiçagem como a busca de vantagens por ter a pele mais clara, características da sociedade brasileira, também existe nos Estados Unidos, bem como os estereótipos do homem negro e da mulher negra, por vezes sexualizada, mas para uma relação corriqueira e não para apresentar à família e a mulher negra dessexualizada, vista como uma mãe, ou tia de todos, mas que não se casou e cuida dos filhos dos outros. Outra novidade trazida pela professora Vânia nesse minicurso é o fato de que enquanto no Brasil, palavras que até então eram tidas como tabu como negro, preconceito racial, raça, estão se tornando comuns nos discursos escritos e falados, nos Estados Unidos acontece o contrário. Essas palavras eram ditas de forma bem mais aberta e hoje, a geração atual usa essas palavras de forma cautelosa ou escolhe palavras sinônimas e/ou politicamente corretas para se referir a negros e negras e ao preconceito racial.
Foto de Sérgio Miguel José