quinta-feira, 25 de julho de 2013


Marcha das vadias de Curitiba:

Enegrecendo o feminismo


Foto de Wellington Oliveira
Aconteceu no dia 13 de julho a terceira edição da marcha das vadias na Cidade de Curitiba. Esse evento contou com centenas de pessoas, mulheres homens, branc@s e negr@s, gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, que foram às ruas de Curitiba reivindicar o direito à liberdade da mulher de ser o que ela quiser e estar onde e com quem ela achar que lhe convenha.
A novidade dessa edição foi a participação de mulheres negras em todas as etapas do evento, desde a organização até a realização da marcha propriamente dita. Tais mulheres, inclusive lideranças de movimentos sociais de negras e negros, se colocaram nas ruas de forma super empoderada. Algumas estudantes da UFPR apresentaram uma rápida dramatização que buscou explicitar as angústias vividas pela mulher negra na sociedade Brasileira, destacando a dualidade de dois estigmas que pesam sobre ela, o da “santa”, enclausurada em sí mesma, sem voz, sem auto-estima, muitas vezes reclusa no ambiente doméstico e da “puta”, a mulher empoderada, bela, dona de si e por isso hipersexualizada e classificada de fácil e sempre disposta ao sexo.

A participação da mulher negra na marcha das vadias foi de fundamental importância porque chama a atenção para o drama vivido por ela na sociedade brasileira de maneira bastante singular. Isso ficou evidente nos olhares de estranhamento de muitas pessoas que se depararam com mulheres negras protestando e reivindicando o seu direito à liberdade de ser mulher da forma que acharem melhor.
                                   Foto de Wellington de Oliveira
Além do fato de ser mulher, ela tem ainda o estigma de ser negra. É a preterida para os relacionamentos sérios e para o casamento, é a grávida solteira que não tem direito a abortar e que terá que criar sozinha um filho não planejado e, nas raras vezes que se destaca na sociedade é como um corpo hipersexualizado.
Não bastar só ser a mulher negra nos xx% de vagas reservadas nas Universidades e nos concursos pùblicos. Essas mulheres querem mais. Querem o direito de criarem seus filhos com o apoio de seus pais. Querem ter o direito de usar o cabelo como quiserem, seja ao procurarem um emprego, ou au sairem para se divertir. Querem o direito de não serem apenas alunas universitarias, mas também professoras, reitoras, diretoras de departamento. Querem ser advogadas, juízas, procuradoras, médicas, prefeitas, governadoras, presidentas ou que elas tiverem vontade.
Mas acima de tudo o que essas mulheres querem e lutam para ter é que os seus direitos sejam respeitados.








                                                                                       Fotos Andréa Rosendo