Marcha
das vadias de Curitiba:
Enegrecendo
o feminismo
Foto de
Wellington Oliveira
Aconteceu
no dia 13 de julho a terceira edição da marcha das vadias na Cidade
de Curitiba. Esse evento contou com centenas
de pessoas, mulheres homens, branc@s e negr@s, gays, lésbicas,
bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, que foram às
ruas de
Curitiba reivindicar
o direito à liberdade da mulher de ser o que ela quiser e estar
onde e com quem ela achar que lhe convenha.
A
novidade dessa edição foi a participação de mulheres negras em
todas as etapas do evento, desde a organização até a realização
da marcha propriamente dita. Tais mulheres, inclusive lideranças de
movimentos sociais de negras e negros, se
colocaram nas ruas de forma super empoderada. Algumas estudantes da
UFPR apresentaram uma rápida dramatização que buscou explicitar as
angústias vividas pela mulher negra na sociedade Brasileira,
destacando
a dualidade de dois estigmas que pesam sobre ela, o da “santa”,
enclausurada em sí mesma, sem voz, sem auto-estima, muitas vezes
reclusa no ambiente doméstico e da “puta”, a mulher empoderada, bela, dona de si e por isso hipersexualizada e classificada de fácil e sempre disposta ao sexo.
A
participação da mulher negra na marcha
das vadias foi de fundamental importância porque chama a atenção
para o drama vivido por ela na sociedade brasileira de maneira
bastante singular. Isso ficou evidente nos olhares de estranhamento
de muitas pessoas que se
depararam com mulheres negras protestando e reivindicando o seu
direito à liberdade de ser mulher da forma que acharem melhor.
Foto
de Wellington de Oliveira
Além
do fato de ser mulher, ela tem ainda o estigma de ser negra. É a
preterida para os relacionamentos sérios e para o casamento, é a
grávida solteira que não tem direito a abortar e que terá que
criar sozinha um filho não planejado e, nas raras vezes que se
destaca na sociedade é como um corpo hipersexualizado.
Não
bastar só ser a mulher negra nos xx% de vagas reservadas nas
Universidades e nos concursos pùblicos. Essas mulheres querem mais.
Querem o direito de criarem seus filhos com o apoio de seus pais.
Querem ter o direito de usar o cabelo como quiserem, seja ao
procurarem um emprego, ou au sairem para se divertir. Querem o
direito de não serem apenas alunas universitarias, mas também
professoras, reitoras, diretoras de departamento. Querem ser
advogadas, juízas, procuradoras, médicas, prefeitas, governadoras,
presidentas ou que elas tiverem vontade.
Mas
acima de tudo o que essas mulheres querem e lutam para ter é que os
seus direitos sejam respeitados.